Por que as organizações devem dar mais atenção aos talentos com alguma neurodiversidade?





Desenvolvida na década de 90, a neurodiversidade afirma que o desenvolvimento neurológico, como por exemplo o autismo, é uma condição que, geralmente, dá ao portador habilidades excepcionais para a resolução de problemas e atributos, que são considerados atípicos (neurodivergente) para os padrões da sociedade. 
Além do autismo, são considerados neurodivergentes pessoas com distúrbios de déficit de atenção, dislexia, discalculia, dispraxia e outras condições neurológicas.

No Brasil a ideia de um ambiente neurodiverso nas empresas ainda é bem inexpressiva. Mas por que as organizações devem dar mais atenção aos talentos com alguma neurodiversidade?

Quando discutimos a diversidade no local de trabalho, ela está ligada as questões de gênero, etnia e deficiência física. Raramente o debate chega à neurodiversidade, mesmo sabendo que esses indivíduos oferecem novas formas de pensar para as organizações que buscam soluções criativas para os problemas. Só a bem pouco tempo que o mercado vem se conscientizando dos benefícios e nas inúmeras maneiras que eles podem contribuir com o local de trabalho.


Isso acontece porque muitas vezes esses profissionais não passam da entrevista já que tem dificuldade em manter uma relação pessoal, relutam em fazer contato visual ou não conseguem passar por testes psicométricos ou de personalidade. Eles não passam do início do processo e não têm oportunidade de mostrar as suas verdadeiras habilidades.

Um autista geralmente é muito inteligente e capaz de processar dados e ver padrões que outras pessoas não são capazes. Pessoas com memória eidética e recordação auditiva, por exemplo, podem ter muita facilidade para lidar com números e se concentrar em detalhes minuciosos. São pessoas que tem uma vantagem em se adaptar a um setor altamente perturbador como, por exemplo, o de uma FinTech. 

Na ficção temos a série The Good Doctor, que é um bom exemplo de como um neurodivergente pode contribuir com as empresas. O programa conta a história de um jovem médico com autismo que vai trabalhar em um famoso hospital e enfrenta os desafios da profissão.

Hoje, a maioria dos programas das empresas para a neurodiversidade concentra-se somente em pessoas autistas. Mas não há razão para que não estendam seus processos àquelas pessoas com dislexia, dispraxia, 


Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e outras neurodivergências, já que as vantagens de tê-los nas organizações são grandes pois os neurodivergentes, além de serem talentosos e criativos, podem fornecer novas perspectivas ou soluções para algo que um funcionário, considerado "normal" pela sociedade, não visualiza.

Os neurodivergentes podem ser brilhantes em algumas coisas e ter dificuldades com situações corriqueiras que não afetam os demais, como por exemplo, manter contato visual. Considerando isso, as empresas precisam criar condições para inserir essas pessoas onde elas podem ser mais úteis para o sistema organizacional da empresa. 

O processo de recrutamento precisa ser revisto para que os neurodivergentes se sintam à vontade nessa situação e passem para a etapa seguinte, na qual devem ser criados mecanismos que possam extrair todas as suas habilidades.

Algumas empresas já se anteciparam e fizeram mudanças em seus processos de RH para facilitar a inclusão dos neurodivergentes. Entre elas estão Hewlett Packard Enterprise (HPE), Microsoft e Ford. Pessoas com diferenças podem ser consideradas inadequadas para um ambiente de trabalho tradicional, mas se houver um ambiente acolhedor, no qual eles possam revelar suas habilidades, as empresas só têm a ganhar ao contratar neurodivergentes.


Fonte: Jane Griffith -  parceiro e Líder Nacional de Diversidade, na Odgers Berndtson de Toronto – Canadá.