Crescimento desenfreado das cidades leva à invasão e atropelamento de animais em estradas

        

Há poucos dias, a travessia de uma sucuri paralisou o trânsito em uma rodovia de Cuiabá, próxima à cidade de Rondonópolis, como mostra um vídeo feito por um motorista que estava passando pelo local e que circulou pelas redes sociais. De acordo com o biólogo Giuseppe Puorto, membro do CRBio-01 – Conselho Regional de Biologia – 1ª Região (SP, MT e MS), a expansão desenfreada das cidades e, consequentemente, a diminuição das florestas naturais estão entre as principais causas desse tipo de problema.

“As rotas naturais normalmente utilizadas pelos animais acabam sendo interrompidas e, em busca de alimentos, muitos acabam indo para além de seu habitat. Chegam, então, às áreas urbanas e se submetem a esse e a outros riscos”, diz o especialista. 


Levantamento realizado pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) aponta que, por ano, cerca de 475 milhões de animais morrem vítimas de atropelamento nas rodovias brasileiras – uma morte a cada 15 segundos. Pequenos vertebrados, como sapos, cobras e aves de menor porte, são as principais vítimas, representando quase 90% das mortes por atropelamento.

“Outro problema frequente são as queimadas, que acabam afugentando muitos bichos das matas. Por instinto de sobrevivência, fogem para onde podem”, completa o biólogo.

Dados da Polícia Rodoviária Federal também indicam que, em 2017, ocorreram 2,6 mil acidentes envolvendo a presença de animais na pista, sendo 434 graves, com 103 mortes de pessoas (considerando apenas as estradas federais). 


Para evitar esse tipo de acidente, a instrutora de trânsito do SEST SENAT São Vicente, Isabel Albino, recomenda que a primeira atitude a se tomar ao avistar um animal na pista é reduzir a velocidade e jamais buzinar, para não assustá-los. 

“Pelo mesmo motivo, não se deve ligar o farol alto nessas situações: os animais, quando assustados, podem ter reações inesperadas e tornar o momento ainda mais imprevisível. Eles ainda podem ficar paralisados de susto, congestionando a via”, relata a instrutora.

Por fim, Isabel atenta para a necessidade de se olhar pelo retrovisor antes de qualquer manobra, a fim de se certificar de que não vem nenhum carro atrás, pois um movimento inesperado pode ser a causa de um acidente mais grave. 


“Nos casos de animais de grande porte, é mais seguro passar sempre por trás dos bichos que estiverem atravessados na pista, pois assim é possível diminuir a velocidade de reação do animal”, conclui.

Fonte: Giuseppe Puorto- biólogo e membro do CRBio-01 – Conselho Regional de Biologia – 1ª Região (SP, MT e MS).