Qualidade da água está piorando em todo o planeta desde 1990




Os seres humanos, habituados à presença da água em abundância, utilizada nos alimentos, higiene, remédios, entre tantos outros, só se dão conta da sua relevância quando ela faz falta. Recentemente, a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou que mais de 2,7 bilhões de pessoas deverão sofrer com a falta de água em 2025, se o consumo do planeta continuar nos níveis atuais.

A quantidade de água no planeta é estável. Assim, quem olha um oceano, não assimila bem a ideia de falta de água. Porém, essas pessoas estão olhando para isso de forma equivocada. O que muda na realidade é a disponibilidade da água. Isso varia, e muito, de região para região, de época do ano, e do cuidado da população ou descaso da mesma.

A qualidade da água depende de como os demais compartimentos ambientais de uma bacia hidrográfica são manejados. Os problemas de segurança hídrica, relacionados com a disponibilidade de água e das cheias, têm causas globais, como as alterações climáticas, e causas locais, como a urbanização em áreas inundáveis e impermeabilização do solo. Consequentemente, o seu gerenciamento necessita ser integrado considerando os diversos fatores para que os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (OSDs) sejam efetivamente alcançados.

Um recente relatório publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU), denominado “Perspectivas do Meio Ambiente Mundial”, apresenta um quadro sombrio sobre as consequências para a sociedade, da degradação da qualidade ambiental planetária. Com relação à água, o relatório mostra que uma em cada três pessoas no mundo, cerca de 2,3 bilhões de habitantes, não tem acesso ao saneamento. Além disso, aponta que, desde o ano de 1990, está sendo observada uma significativa piora da qualidade da água em todo o planeta.

O 8º ecossistema mais rico do planeta ocupa um território de 590 quilômetros de extensão, resguarda 5% da flora mundial e é responsável por abastecer com recursos hídricos cerca de 14 milhões de pessoas diariamente. Localizado entre os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, a Serra da Mantiqueira, parte do bioma da Mata Atlântica, um dos mais importantes do mundo, entrou em colapso deixando milhões de pessoas sem ou com pouco acesso à água entre 2014 e 2015.


A cada segundo são utilizados, em média, dois milhões e 83 mil litros de água no Brasil (ou 2.083 metros cúbicos por segundo). Em 1931, eram utilizados apenas 131 mil litros por segundo – 6,3% do uso atual. O uso da água deverá crescer 24% até 2030, superando a marca de 2,5 milhões de litros por segundo. Estas informações constam do Manual de Usos Consuntivos da Água no Brasil, elaborado pela ANA, e que traça um panorama das demandas pelos recursos hídricos em todos os municípios brasileiros, entre 1931 e 2030.

Este estudo explica as metodologias aplicadas nas estimativas, fruto de uma profunda revisão dos métodos e das bases de dados disponíveis. Um uso é considerado consuntivo quando a água é consumida, total ou parcialmente, no processo a que se destina, não retornando diretamente aos corpos hídricos de onde foi retirada.

Os usos da água são estimados por setor usuário e município. A agricultura irrigada, o abastecimento urbano e a indústria de transformação são responsáveis por 85% das retiradas de água em corpos hídricos: 2,083 milhões de litros por segundo. Todos os usos continuarão se expandindo nos próximos anos, com exceção do abastecimento humano rural, que deverá cair com a redução da população no meio rural.

Esses manejos devem ser capazes de inserir nos processos de tomada de decisão o conceito de que o meio ambiente preservado é a base principal da prosperidade econômica e do bem-estar social.


Fonte: Vininha F.Carvalho - jornalista, administradora de empresas, economista e editora da Revista Ecotour News.