Mês do meio ambiente e o empreendedor de impacto



O dia mundial do meio ambiente foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972 na Conferência de Estocolmo. Nesta grande reunião, dos representantes de vários países, foi discutida a importância do meio ambiente, a preservação dos recursos naturais, entre muitos outros assuntos ligados à vida. Esta data foi criada exatamente para que a discussão continuasse até hoje. E esta pauta move os ambientalistas, debates nas escolas, nas conferências do clima, da água e de muitos outros movimentos importantes para a manutenção do sistema da vida no planeta.

Temos visto várias ações contrárias por parte de governos, de empresas e de pessoas que estão buscando o crescimento econômico, a lucratividade e a sua “melhoria do bem estar” a qualquer preço e a qualquer custo. Este lado da balança que muitas vezes não consegue, num curto prazo, enxergar os impactos negativos nestas gerações, e quem dirá nas futuras.

No modelo do tripé da sustentabilidade fraca, segundo Adams (2006), as questões ambientais, sociais e econômicas podem ser gerenciadas e qualificadas separadamente. O que traz uma dificuldade de verificar as influências e as intersecções entre eles. Agora no modelo da sustentabilidade forte, a econosfera está dentro da sociosfera que está dentro da biosfera, ou seja, os três pontos estão um dentro do outro e cada movimento realizado pode afetar diretamente o outro.

Algumas soluções estão levando em consideração esta econosfera dentro da biosfera, buscando minimizar os impactos ambientais e criando alternativas para um modelo que seja economicamente viável. Ainda não estamos com soluções perfeitas, mas temos que continuar pesquisando e inovando dentro desta lógica que temos limites ambientais e sociais.

Para isso, por exemplo, existe um grande movimento de professores Brasil afora, mobilizados pelo ICE (Instituto de Cidadania Empresarial) no Programa Academia, que tem como objetivo engajar professores e fortalecer a atuação das Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras nas temáticas de Finanças Sociais e Negócios de Impacto. Discussões, encontros, modelos, trocas de informações, premiações, casos, enfim, muita produção para buscar soluções. 

Outro grupo é o da Abraps (Associação Brasileira dos Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável), que movimenta um grupo de profissionais que está trabalhando em diversas áreas do desenvolvimento sustentável no país, realizando atividades e impactando, por meio de debates, palestras, pesquisas entre outros.

E dentro deste tema de impacto, que tem tudo a ver com o dia do meio ambiente, segundo a pesquisa da Pipe Social de 2019, 46% das 1.002 organizações de negócios de impacto socioambiental são ligadas a tecnologias verdes. Em segundo e terceiro ficam os negócios relacionados a cidadania (43%) e educação (36%). 
E do total das organizações, 39% está trabalhando com o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, referente à produção e consumo sustentável, e 37% com o tema cidades e comunidades sustentáveis. 

As organizações são muito novas, pois 74% têm, no máximo, cinco anos de existência, sendo que 43% ainda não têm faturamento e estão atrás de investimentos ou na fase inicial de ideação, prototipação e piloto.

Quando a Pipe Social fala de tecnologia verde, considera todos os tipos de negócios que têm impacto ambiental (energia, água, poluição, reciclagem, resíduos etc.); projetos com impacto em agricultura, biotecnologia, análises de atmosfera, soluções para preservação de fauna e flora, entre outros. Ou seja, temas bem interessantes para discutirmos neste dia do meio ambiente!

Mas, economicamente são negócios que valem a pena? Sempre me perguntam isso nas aulas. Para aqueles que têm uma mentalidade tradicional, somente financeiro e de crescimento, sim temos alguns dados interessantes. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), em 2019, estima-se que o Brasil terá um aumento de 44% na capacidade instalada de energia solar e gerará investimentos totais de R$ 5,2 bilhões. E que entre 2017 e 2018 teve uma expansão de 172% de geração distribuída. 

A Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) mostra que 9% de toda energia no país, em 2019, é gerada por energia dos ventos. Só em 2018, foram instalados 75 novos parques desta energia renovável. Outro exemplo é o mercado de orgânicos que, segundo a Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), que reúne 60 empresas do setor, o mercado brasileiro neste segmento faturou no ano de 2018 R$ 4 bilhões, sendo 20% maior do que em 2017. Segundo esta organização, o Brasil já pode ser apontado como líder do mercado neste tema na América Latina.

Temos que debater sobre o meio ambiente neste dia tão importante! E mais do que isso, buscarmos soluções que estejam atreladas ao nosso dia a dia como consumidor, cidadão, família e comunidade. E quem sabe também não começar a pensar como um empreendedor de impacto socioambiental com uma inovação disruptiva que consiga aliar a realidade econômica e mercadológica com as questões dos limites do planeta e da sociedade?

Comece hoje! 


Fonte: Marcus Nakagawa - professor da ESPM; coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental (CEDS); idealizador e conselheiro da Abrapse e palestrante.