No dia 27 de abril é comemorado o Dia Mundial da Anta.




A data é uma forma de homenagear as quatro espécies de anta que existem no mundo de forma a sensibilizar a população sobre a importância da conservação destes animais que desempenham papel fundamental na manutenção da biodiversidade do habitat onde vivem.


Aqui no Brasil, a Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB), programa do IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas, vem desenvolvendo atividades de pesquisa e conservação da anta brasileira por todo o país desde 1996. 

Atualmente, com o maior banco de dados sobre antas no mundo, o projeto brasileiro busca implementar ações para reduzir os maiores riscos das antas no país: atropelamentos nas estradas e contaminação por agrotóxicos, especialmente em áreas do cerrado. Muito mais do que uma data de celebração, o dia da anta alerta para os riscos da perda desse animal de grande relevância para nossas florestas.

- Veja abaixo 5 curiosidades e motivos para que o mundo todo celebre esta data e contribua na conservação desta importante espécie:


1) Conhecendo o maior mamífero terrestre da América do Sul:

Pesando entre 180 e 300 quilos e com cerca de 1,10 até 2 metros de comprimento, a anta brasileira é considerada o maior mamífero da América do Sul. A anta é um animal bastante peculiar, possui uma pequena "tromba" conhecida como probóscide, uma crina curta e estreita ao longo do pescoço, pele acinzentada, orelhas com as pontas brancas e patas com diferentes números de dedos, sendo três nas patas da frente, e quatro nas anteriores. Outra curiosidade é que é um animal noturno/crepuscular, que descansa nas horas mais quentes do dia. Sua gestação dura cerca de 13-14 meses e a fêmea gera apenas um único filhote, demorando até 5 meses para entrar no cio novamente, o que leva a fêmea a reproduzir um filhote a cada um ano e meio ou até mesmo dois anos.


2) A jardineira das florestas: 

As antas são animais herbívoros que ingerem entre oito e nove quilos de alimento por dia, incluindo folhas, ramos, brotos, caules, cascas de árvores, plantas aquáticas e frutos. E sabe o que acontece quando as sementes dos frutos consumidos chegam até o estômago da anta? São potencializadas! Com uma área de uso de aproximadamente 500 hectares (cerca de 500 campos de futebol), a anta é uma ótima dispersora de sementes por todo o seu habitat, sendo este o principal papel ecológico desempenhado por este animal. As antas são grandes responsáveis pela formação e manutenção da biodiversidade.


3) Detetive ecológica e espécie sentinela: 

A anta se movimenta por grandes distâncias dentro de sua área de uso e entre fragmentos de floresta, conectando diferentes tipos de habitat. Por esta razão, é considerada como "detetive ecológica", contribuindo na compreensão das inter-relações entre o mosaico de habitats da paisagem. Adicionalmente, a anta é considerada "espécie sentinela", capaz de alertar para os riscos presentes no ambiente onde outras espécies da fauna, animais domésticos e comunidades rurais vivem. Pesquisas científicas através de amostras biológicas de anta tais como sangue, tecido, entre outras, têm identificado substâncias perigosas que estão presentes nas regiões de estudo, tais como elevados níveis de agrotóxicos.


4) Espécies  encaram possível extinção:

As quatro espécies de anta existentes no mundo estão elencadas na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção da IUCN - União Internacional para a Conservação da Natureza, um dos inventários mais detalhados do mundo sobre o estado de conservação da natureza. No caso das antas, significa que todas elas estão ameaçadas de extinção.


5) Animal mais injustiçado da língua portuguesa: 

É bastante provável que você já tenha usado ou escutado outras pessoas usarem a palavra "anta" como termo pejorativo, destinado a pessoas desprovidas de inteligência, tolas ou que cometem algum ato estúpido. Isto ocorre apenas no Brasil. Esta injustiça é exposta pela ciência quando, em estudos relacionados a quantidade de neurônios no cérebro, comprovou-se que a anta é um animal muito inteligente. Este é um dos motivos que mais afastam as pessoas da causa da conservação da anta no Brasil. Afinal, com esta associação tão negativa, como as pessoas podem desenvolver um senso de orgulho por este animal?



Fonte: Paula Piccin