Como transformar o negócio em uma empresa verde e realmente sustentável?


Em tempos de aquecimento global, crises hídricas e acordo entre grandes nações, como o Protocolo de Kyoto, que compromete os Países integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU) a reduzir emissão de gases causadores do efeito estufa, cabe também à iniciativa privada tomar as medidas necessárias para tornar o negócio sustentável, minimizando os impactos ambientais de sua atividade, respeitando a função social que lhe cabe dentro da Ordem Constitucional existente no Brasil e, consequentemente, agregando valor à marca, visto que o consumidor está cada vez mais consciente e buscando consumir de empresas que, de fato, se preocupam com práticas sustentáveis. Nesse sentido, o consultor Luis Henrique Stockler, elenca dez ações para transformar a empresa em um negócio sustentável e, ao mesmo tempo, lucrativo:

- A cultura sustentável deve ser inserida de cima para baixo.

Segundo o consultor, para transformar uma empresa em um negócio sustentável é preciso que haja o engajamento de todas as esferas. Da presidência ao chão de loja, passando por todas as áreas e departamentos. “O alto escalão precisa dar o exemplo e, desta forma, engajar os colaboradores. Além disso, as ações sustentáveis não significam apenas economizar papel, energia e água, é preciso garantir o equilíbrio do meio ambiente e sempre usar procedimentos éticos, desde a seleção de fornecedores, escolha da matéria-prima, o processo fabril e toda a cadeia até que o produto ou serviço chegue ao PDV. Inclusive, as ações devem ser praticadas por todos os membros, tanto dentro, como também fora do local de trabalho, criando um círculo virtuoso, motivando todos os envolvidos”, alerta o especialista.

- Comece engajando o RH:

Após a cúpula da empresa deixar claro e demonstrar, por meio de ações, o objetivo de transformar a empresa em um negócio verde, é preciso preparar e engajar as lideranças dos departamentos e áreas, visto que, cabe a essas pessoas inserir e gerir a cultura sustentável em toda a empresa. O Recursos Humanos deve atuar como suporte a estes líderes na propagação da cultura, dos valores e missão da empresa para os colaboradores. Dessa forma, é imprescindível a total participação da área de RH na sustentação das ações dentro do negócio. “Junto ao presidente e diretores, o RH mostrará as verdadeiras intenções da empresa de transformar toda a operação em um negócio sustentável, dessa forma, é preciso acreditar e praticar a nova cultura e ninguém melhor dentro da empresa do que o RH para dar o start”, pontua Stockler.

- Adeque o plano de negócios:

Para tornar a empresa verde, é preciso replanejar toda a estratégia, agora, com foco na sustentabilidade. Implementar novos objetivos, mesmo que a médio e a longo prazos, ajudará no planejamento das ações de toda a companhia, já que o futuro é se tornar, cada vez mais, uma empresa que respeita o meio ambiente. “O projeto verde, não é apenas para redirecionar as estratégias da empresa, mas também para organizar os investimentos, já que, deixar o negócio sustentável requer investimentos, que, a médio prazo, serão recuperados e, inclusive, deixarão a empresa mais lucrativa. Porém, a curto prazo, pode significar a incidência de alguns custos não previstos no plano anterior, que precisam ser bem dimensionados para não desiquilibrar o caixa”, explica o consultor.

- Controle e metrifique as ações de sustentabilidade:

Estabeleça metas claras e realistas, e mensure os resultados. O controle e acompanhamento de todas as ações sustentáveis é imprescindível para que se perceba se houve, realmente, o engajamento de todos. A partir de indicadores é possível ampliar para mais áreas da empresa, ou mesmo aprofundar as ações e rever os processos nas que ainda não se motivaram totalmente. “Ao acompanhar os indicadores, o gestor poderá verificar os gaps, corrigi-los e, a médio prazo, perceber claramente a equanimização da nova cultura em toda a empresa, por isso a prática é imprescindível”, alerta Stockler.

- Acompanhe as mudanças regulatórias:

Não basta apenas ter um plano verde dentro da empresa, também é necessário ficar atento às mudanças externas, como leis federais, estaduais, portarias da vigilância sanitária, além de outras específicas de acordo com o segmento da empresa. “É muito mais barato se antever e se preparar para as mudanças que estão para acontecer do que realizá-las a toque de caixa para se enquadrar nas especificações necessárias à nova prática exigida em lei. Vale lembrar, que a burocracia em nosso País é enorme e ter de correr às pressas para conseguir um documento acarretar a incidência de multas ou até perda de acessos e paralisação das operações”, salienta o especialista, complementando que ter acesso à informação e ao conhecimento, gerenciando-os de acordo com os interesses da companhia são deveres perenes de seus gestores.

- Fique atento às exigências dos stakeholders:

Os stakeholders são responsáveis por impor e formar tendências, portanto é inevitável que a determinação dos caminhos de acordo com seus ditames, levando as empresas a se adequar para poder de manter no mercado de forma crescente. No quesito sustentabilidade, especificamente, eles acabam buscando parcerias com empresas que estejam engajadas em provocar baixos impactos ambientais e sociais para os consumidores, criando uma cadeia de valor sustentável e real.

- Tenha um portfólio verde:

A política sustentável deve ser massificada, ou seja, implantada em todas as áreas da empresa, inclusive no que diz respeito aos produtos oferecidos. Não basta ter qualidade, desempenho e preço, atualmente, os consumidores também desejam consumir produtos que respeitem o meio ambiente e que estejam em conformidade com as leis. Produtos feitos em processos degradantes de trabalho, ou com altos índices de produtos químicos que poluem a atmosfera não são mais bem vistos, apesar dos baixos preços. “Os clientes estão mais seletivos, preferem pagar um pouco mais, mas terem certeza que as empresas respeitam seus colaboradores e o meio ambiente”, avalia Stockler.

- Sugira o consumo de alimentos mais saudáveis:

Se as metas de sustentabilidade já estão mais disseminadas dentro da cultura da empresa, o próximo passo é ajudar os colaboradores a terem uma alimentação mais saudável, visto que, atualmente, os níveis de obesidade estão em níveis elevados. “Um dos itens mais consumidos dentro de qualquer empresa, sem dúvida nenhuma é o café, então, porque não disponibilizar um produto mais saudável, como o café orgânico ou chás naturais?”, indaga o consultor.  Também opte por ter à disposição dos funcionários açúcares mais saudáveis, como o mascavo, por exemplo. Em companhias com restaurantes e cafeterias, dê preferência por alimentos menos calóricos, evitando a venda de frituras e refrigerantes. “Num primeiro momento pode haver reclamação, mas a médio e longo prazos a saúde dos colaboradores terá ganhos representativos”, argumenta Stockler.

- Incentive o uso de transporte alternativos:

Possibilite que os colaboradores usem transportes alternativos, como: as caronas (com pessoas conhecidas) ou ainda as bicicletas. “Para isso, é importante a empresa disponibilizar vestiários com duchas e espaços para trocas de roupa, além de bicicletários com mecanismos de segurança”, informa o especialista.

- Traga verde para dentro da empresa:

Espaços ao ar livre, terraços verdes, são ações que podem tornar a empresa mais sustentável, que, além de trazer um ambiente mais agradável para os funcionários, podem conferir certificações, como o LEED. Esses espaços verdes podem ser usados, como ambientes de convivência, refeitórios, agregando valor à marca. “Um ambiente agradável, propicia mais disposição para trabalhar e desenvolver a criatividade, trazendo mais benefícios para a própria companhia”, finaliza Stockle


Fonte: Luis Henrique Stockler – graduado em administração de empresas pela FGV, especializado em Marketing pela ESPM e MBA’s de gestão pelo ITA/ESPM e pela FIA/USP.