A influência dos espaços físicos e da natureza no bem estar mental


O bem estar mental é uma das maiores preocupações da atualidade. Isso porque aprendemos a cuidar de nossa saúde física, mas ainda sofremos para encontrar maneiras de lidar com o estresse que a mente sofre. São problemas, preocupações pessoais, profissionais, a quantidade insana de informação com que somos bombardeados, os medos de receios quanto ao futuro, entre outros.

Não é à toa que buscar o bem estar mental se tornou essencial na vida das pessoas. Porém, a maioria delas não sabe que podemos encontrar um relaxamento revigorante em determinados ambientes, simplesmente pela forma como aquele lugar foi pensado arquitetonicamente. Além disso, muitos ainda subestimam o impacto da vida verde e natural nos estímulos ambientais.

Isso é ser simplório já que, como seres humanos, somos extremamente influenciados pelos ambientes onde estamos inseridos. Há uma relação muito interessante e complexa entre a maneira como um ambiente foi construído, e seu impacto no que sentimos e como nos comportamos. É justamente isso que a neuroarquitetura estuda.

A relação entre cérebro e ambiente pode trazer diversos entendimentos sobre porque certos locais estimulam certos comportamentos e sentimentos. O ramo é, atualmente, muito aproveitado pelo mundo dos negócios. Uma loja que estimula a compra ou dialoga com um tipo específico de consumidor, ajuda nas vendas simplesmente porque as paredes, figurativamente, começam contando ao cliente que aquele lugar lhe traz vontade de comprar. O mesmo ocorre com escritórios. Em certos casos é preciso estimular a criatividade, em outros a concentração, e toda a atmosfera começa com as decisões arquitetônicas e como elas influenciam o cérebro humano.

Aliado a isso, temos a biofilia, que é a tendência natural dos seres humanos a se voltarem ao natural. Ambientes dotados de vida verde, por exemplo, tendem a influenciar a mente humana de forma semelhante à arquitetura, embora aqui estejamos falando de paisagismo e design de interiores, complementando o design arquitetônico.

O relatório Human Spaces no Impacto Global de Design Biofílico no Local de Trabalho, por exemplo, mostrou que ambientes com elementos naturais geram níveis até 15% mais altos de bem estar, 6% a mais de produtividade, 15% a mais de criatividade, do que ambientes sem esses elementos.

Pensando assim, é possível construir ambientes onde os estímulos corretos auxiliem as pessoas que ali transitam a encontrarem o descanso mental necessário para a realidade em que vivemos. É possível criar hospitais com atmosferas menos opressoras, que relaxem os pacientes. Escolas que incentivam a criatividade, a inovação, a colaboração. E, acima disso, podemos criar ambientes residenciais que auxiliam na lida com o dia a dia, sobretudo possibilitando o relaxamento e o bem estar.

Utilizar os estudos dessas duas áreas permite a criação de casas que cumprem sua função de “lar”, local de descanso, de regeneração, muito mais facilmente. A começar pela disposição de paredes, janelas, cômodos, e seguindo pela inserção da vida natural em meio ao ambiente, é possível ganhar em qualidade de vida até de forma indireta, só por respeitar como o seu cérebro é estimulado e responde.

Claro que há muito o que considerar. Há inclusive quem defenda que psicólogos podem ajudar a perfilar cada indivíduo para que sua casa seja construída para auxiliar suas características pessoais. A verdade é que há influências que precisam ser compreendidas e aproveitadas, e uma delas está justamente no local onde moramos. Vale a pena apostar na neuroarquitetura.



Fonte: Danny Braz - engenheiro civil e consultor internacional com foco em construções verdes e diretor geral da empresa Regatec.