Como apontou Tamer Cavusgil, graças ao comércio internacional “o rápido crescimento econômico dos países emergentes está estimulando sólidas conquistas nos padrões de vida. A crescente prosperidade acarreta melhorias nos índices de alfabetização, nutrição e saúde.”
Por isso vale tanto à pena dedicar-se aos negócios internacionais. Nessa área, cada país, possui vantagens competitivas na produção de certos itens. Enquanto a China – graças a sua larga mão de obra – se destaca na produção de manufaturados, o Brasil, por seu tamanho continental e sua variedade climática, é bastante competitivo no campo: de soja a açúcar, passando por proteínas animais. Assim, possuímos uma clara vantagem na exportação de commodities, o que se percebe com facilidade ao olhar a balança comercial.
A força do agronegócio brasileiro há muito tempo assusta os europeus. O açúcar brasileiro sofre restrições quantitativas para entrar na União Europeia, além da alíquota de cerca de 93 euros por tonelada. Cotas são aplicadas também à carne bovina, ao etanol e a outros produtos, visando proteger os pequenos agricultores. Automóveis fabricados no Mercosul – obviamente não são commodities – mas pagam uma tarifa de cerca de 35% para entrar naquele continente.
Esses fatores, em conjunto, travam a assinatura final de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, que vem sendo negociado há quase 20 anos. Os europeus querem proteger seus pequenos agricultores, obviamente ameaçados pela escala e eficiência produtiva brasileira no setor agrícola. Os países membro do Mercosul, em especial o Brasil, esperam manter a quebra de patente de medicamentos e conseguir vender um número maior de produtos na Europa.
Todas essas divergências de posição levam em conta os fatores internos de ambos os blocos, sendo absolutamente naturais. É dever dos governos estimular seus setores produtivos, em especial aqueles mais vantajosos e rentáveis. Ao mesmo tempo, os países tentam proteger, de alguma forma, as áreas consideradas mais vulneráveis. Ainda assim, também é necessário ampliar os mercados para os nossos produtos, o que ocorreria através do acordo.
Outro complicador notável são as incertezas econômicas e políticas no Brasil e na Argentina. Os argentinos sofreram neste ano uma intensa desvalorização de sua moeda e pediram recursos ao FMI. O Brasil também viu o real se desvalorizar, e ainda que a economia tenha dado alguns sinais de melhora, o nível de desemprego permanece alto e há muito o que fazer. Somada à questão econômica de nosso país, a incerteza da corrida eleitoral preocupa investidores externos e internos: a possibilidade da eleição de um candidato ou candidata não comprometido com as reformas da previdência e do setor tributário pode elevar o risco do país e afetar largamente as contas públicas, travando ainda mais o crescimento.
Nesse cenário, o acordo comercial que poderia facilitar a inserção dos produtos brasileiros no continente europeu, se arrasta vagarosamente. Uma vez que a internacionalização de nossas empresas é facilitada, a produção, o emprego e a industrialização aumenta. Tradicionalmente, empresas que atuam nos mercados externos são menos suscetíveis a crises econômicas, e por muitas vezes confrontarem-se com mercados mais exigentes, aumentam a qualidade de seus produtos e serviços.
A internacionalização permite também maiores economias de escala, acesso mais fácil a recursos e impacta diretamente na balança comercial do país. No que tange ao acordo Mercosul-EU, o Brasil tem sido mais cauteloso ao efetuar concessões do que a Argentina, Uruguai e o Paraguai, o que reduz as esperanças de que o dito tratado seja concluído nesse ano.
Seja como for, com ou sem tratado, há outra forma de estimular as exportações: desburocratizando o comércio exterior, que sofre hoje com mais de 3.600 normas diferentes, aumentando a eficiência aduaneira para envio e recebimento de mercadorias; e buscando melhorar nossas relações comerciais com a China e com os países da Aliança do Pacífico. Talvez seja esse um dos papéis do próximo ou da próxima mandatária da nação: aumentar a inserção dos produtos e das empresas brasileiras nos mercados mundiais. Se isso acontecesse, certamente teríamos um país mais próspero.
Fonte: João Alfredo Lopes Nyegray, doutorando em Estratégia, é mestre em Internacionalização, advogado e bacharel em Relações Internacionais. É professor dos cursos de Relações Internacionais, Comércio Exterior, Administração e Economia da Universidade Positivo (UP).
Por isso vale tanto à pena dedicar-se aos negócios internacionais. Nessa área, cada país, possui vantagens competitivas na produção de certos itens. Enquanto a China – graças a sua larga mão de obra – se destaca na produção de manufaturados, o Brasil, por seu tamanho continental e sua variedade climática, é bastante competitivo no campo: de soja a açúcar, passando por proteínas animais. Assim, possuímos uma clara vantagem na exportação de commodities, o que se percebe com facilidade ao olhar a balança comercial.
A força do agronegócio brasileiro há muito tempo assusta os europeus. O açúcar brasileiro sofre restrições quantitativas para entrar na União Europeia, além da alíquota de cerca de 93 euros por tonelada. Cotas são aplicadas também à carne bovina, ao etanol e a outros produtos, visando proteger os pequenos agricultores. Automóveis fabricados no Mercosul – obviamente não são commodities – mas pagam uma tarifa de cerca de 35% para entrar naquele continente.
Esses fatores, em conjunto, travam a assinatura final de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, que vem sendo negociado há quase 20 anos. Os europeus querem proteger seus pequenos agricultores, obviamente ameaçados pela escala e eficiência produtiva brasileira no setor agrícola. Os países membro do Mercosul, em especial o Brasil, esperam manter a quebra de patente de medicamentos e conseguir vender um número maior de produtos na Europa.
Todas essas divergências de posição levam em conta os fatores internos de ambos os blocos, sendo absolutamente naturais. É dever dos governos estimular seus setores produtivos, em especial aqueles mais vantajosos e rentáveis. Ao mesmo tempo, os países tentam proteger, de alguma forma, as áreas consideradas mais vulneráveis. Ainda assim, também é necessário ampliar os mercados para os nossos produtos, o que ocorreria através do acordo.
Outro complicador notável são as incertezas econômicas e políticas no Brasil e na Argentina. Os argentinos sofreram neste ano uma intensa desvalorização de sua moeda e pediram recursos ao FMI. O Brasil também viu o real se desvalorizar, e ainda que a economia tenha dado alguns sinais de melhora, o nível de desemprego permanece alto e há muito o que fazer. Somada à questão econômica de nosso país, a incerteza da corrida eleitoral preocupa investidores externos e internos: a possibilidade da eleição de um candidato ou candidata não comprometido com as reformas da previdência e do setor tributário pode elevar o risco do país e afetar largamente as contas públicas, travando ainda mais o crescimento.
Nesse cenário, o acordo comercial que poderia facilitar a inserção dos produtos brasileiros no continente europeu, se arrasta vagarosamente. Uma vez que a internacionalização de nossas empresas é facilitada, a produção, o emprego e a industrialização aumenta. Tradicionalmente, empresas que atuam nos mercados externos são menos suscetíveis a crises econômicas, e por muitas vezes confrontarem-se com mercados mais exigentes, aumentam a qualidade de seus produtos e serviços.
A internacionalização permite também maiores economias de escala, acesso mais fácil a recursos e impacta diretamente na balança comercial do país. No que tange ao acordo Mercosul-EU, o Brasil tem sido mais cauteloso ao efetuar concessões do que a Argentina, Uruguai e o Paraguai, o que reduz as esperanças de que o dito tratado seja concluído nesse ano.
Seja como for, com ou sem tratado, há outra forma de estimular as exportações: desburocratizando o comércio exterior, que sofre hoje com mais de 3.600 normas diferentes, aumentando a eficiência aduaneira para envio e recebimento de mercadorias; e buscando melhorar nossas relações comerciais com a China e com os países da Aliança do Pacífico. Talvez seja esse um dos papéis do próximo ou da próxima mandatária da nação: aumentar a inserção dos produtos e das empresas brasileiras nos mercados mundiais. Se isso acontecesse, certamente teríamos um país mais próspero.
Fonte: João Alfredo Lopes Nyegray, doutorando em Estratégia, é mestre em Internacionalização, advogado e bacharel em Relações Internacionais. É professor dos cursos de Relações Internacionais, Comércio Exterior, Administração e Economia da Universidade Positivo (UP).