Conservação da biodiversidade marinha é preocupação da ONU para a próxima década


A preocupação com o uso consciente dos oceanos tem crescido a nível global. Exemplo disso é o movimento proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a próxima década. Entre 2021 e 2030, a entidade instigará a comunidade global a discutir e ampliar a cooperação internacional em prol da conservação da biodiversidade marinha e costeira, o que vai ao encontro do objetivo 14 de desenvolvimento sustentável.

Para o oceanógrafo Eduardo Secchi, professor associado do Instituto de Oceanografia na Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, a preocupação com o uso sustentável dos oceanos e a discussão sobre a preservação dos mares são urgentes, pois cobrem mais de 70% da superfície da Terra e são fundamentais para a vida no planeta. 

Além de influenciar e regular o clima, seus vastos ecossistemas marinhos e costeiros abrigam uma imensa biodiversidade. Essa diversidade representa segurança alimentar de qualidade, por meio da pesca e maricultura, e potencial biotecnológico para a descoberta de novos insumos farmacêuticos”, afirma Secchi, um dos 30 brasileiros voluntários que integram o grupo de especialistas que reverá documentos da ONU sobre a temática para a Década dos Oceanos.

- Apoio:

A conservação dos oceanos e dos mares tem sido uma das prioridades da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Ao longo dos últimos 28 anos, foram investidos cerca de US$ 4 milhões em quase 250 iniciativas em toda a costa brasileira. Nos editais de apoio a projetos da instituição, há uma linha específica para a conservação dos oceanos. Para 2019, quase R$ 2 milhões estão reservados para programas com foco na proteção das marés. O último edital, finalizado no fim de agosto passado, foi exclusivo para a área costeiro-marinha e os projetos estão em fase de seleção.

Muitas iniciativas apoiadas e financiadas pela Fundação Grupo Boticário fornecem informações ao poder público e fortalecem ações que resultam na criação de áreas marinhas protegidas, como o Monumento Natural Trindade e Martim Vaz, situado a mil quilômetros da costa de Vitória (ES). A Cadeia Vitória-Trindade é composta por cerca de 30 montes submarinos de origem vulcânica que formam uma cordilheira submersa na costa do Espírito Santo. De acordo com o ICMBio, as ilhas oceânicas, no extremo leste da cordilheira, abrigam a maior riqueza de espécies recifais e endêmicas de todas as ilhas brasileiras.



A atuação efetiva da Fundação na proteção dos oceanos fez com que a entidade estivesse presente em uma conferência de alto-nível da UNESCO, promovida em setembro, em Paris, para discutir ações para a Década dos Oceanos. 

Segundo a analista de projetos ambientais da Fundação Grupo Boticário, Janaína Bumbeer, os participantes do evento sintetizaram os progressos científicos recentes que relacionam o clima e o oceano e debateram estratégias para tirar a ciência dos bancos das universidades e transformá-la em ação prática. 

Além disso, reforçaram a necessidade de aumentar a pesquisa e o financiamento de políticas públicas voltadas aos oceanos. Estimativas da Comissão Intergovernamental Oceanográfica (IOC) da UNESCO apontam que países alocam, em média, de 0,04% a 4% do total investido em pesquisa e desenvolvimento em estudos oceanográficos.

“O principal recado é que precisamos cooperar mais e alinhar pesquisas e políticas públicas. Em relação a isso, vemos que a Fundação Grupo Boticário está no caminho certo, já que temos vasto histórico na área marinha, com constantes investimentos. As iniciativas desenvolvidas por nós são práticas e levam à criação e à ampliação de áreas protegidas, além de fomentarem a discussão sobre o ambiente marinho”, diz Janaína, que participou da conferência da UNESCO.


Fonte: Rede de Especialistas em Conservação da Natureza