Cinco destinos no Brasil ricos em lendas e manifestações culturais


Quem nunca ouviu falar do Saci-Pererê, o moleque travesso de apenas uma perna, que usa gorro vermelho e está sempre com um cachimbo na boca? E da festa do Bumba-meu boi, com todas as suas cores, música e dança? Personagens como Mula sem Cabeça, Boitatá, Curupira, Caipora, entre outros, povoam o imaginário dos brasileiros. Cada região tem suas próprias lendas, mas algumas narrativas são contadas, com algumas variações, pelos quatro cantos do País. 


Para celebrar o folclore nacional, a momondo, buscador de passagens aéreas e reservas de hotéis, preparou uma lista de destinos que têm forte ligação com essas manifestações culturais. A lista inclui a cidade de São Luiz do Paraitinga (SP) e a sua Festa do Saci, Manaus (AM) e os personagens mágicos dos rios, Joanópolis (SP) e o mito do lobisomem, a Serra da Canastra (MG) e as lendas do Rio São Francisco e São Luís do Maranhão com a animação do Bumba-meu-boi. 


- Confira!


- Saci-Pererê - São Luiz do Paraitinga, São Paulo


O mito do Saci surgiu entre tribos indígenas e se espalhou pelo Brasil inteiro. A principal característica da figura de uma perna só é a travessura. Se alguma coisa some, se os animais se assustam, certamente é obra dele. De acordo com a lenda, os sacis nascem em brotos de bambu e costumam ser encontrados em redemoinhos de vento. Para capturar um, é preciso jogar uma peneira no redemoinho. Depois de pegá-lo é necessário tirar o seu gorro para que ele obedeça e prendê-lo numa garrafa. 


No estado de São Paulo, o dia 31 de outubro foi oficializado como o Dia do Saci. A iniciativa foi uma forma de valorizar e difundir as lendas do folclore nacional. Com esse mesmo propósito, desde 2003, a pequena cidade de São Luiz do Paraitinga, no Vale do Paraíba, promove a Festa do Saci com muita música, teatro, contação de histórias, oficinas, brincadeiras e outras atividades. O evento é sinônimo de diversão para todas as idades e, este ano, ocorre de 27 até 29 de outubro.

- Mãe d’Água e Boto - Manaus, Amazonas: 


A região amazônica com seus rios e natureza exuberante é riquíssima em histórias e personagens mágicos. Algumas das lendas mais populares por lá são justamente as que têm as águas como pano de fundo. Mitos como os do Boto, que nas noites de lua cheia sai do rio e se transforma em um rapaz charmoso que seduz as moças durantes as festas, e da Mãe d’Água, ou Iara, uma bela sereia que encanta os homens e os leva para a morte, tomam conta do imaginário local e são um convite para conhecer melhor a cultura dessa parte do Brasil. Um bom ponto de partida para essa viagem é Manaus, capital do Estado do Amazonas. 



A cidade por si só já vale a visita, com atrativos como o Teatro Amazonas, o Centro Histórico, a Praça São Sebastião e a praia fluvial de Ponta Negra, só para citar alguns. Mas de lá, também saem passeios para conhecer a Floresta Amazônica, as aldeias indígenas e, claro, os rios. O Encontro das Águas (quando o Rio Negro encontra o Solimões, formando o Rio Amazonas) é uma visão inesquecível e não pode faltar no roteiro.

- Lobisomen - Joanópolis, São Paulo:

Localizada na divisa com Minas Gerais, a pequena cidade paulista tem cerca de 12 mil habitantes e é famosa por ser a “Capital do Lobisomem”. O mito não é exclusivo da região, mas o título se deve ao fato de que muitos moradores, principalmente os mais antigos, relatam já terem visto a criatura assustadora, mistura de homem e lobo, andando pelas ruas em noites de lua cheia. Fortemente cultivada pela população, a lenda acabou virando um grande atrativo para os turistas. No município existe até uma Associação dos Criadores de Lobisomens. 


Mas Joanópolis não se resume ao mito e suas belezas naturais também encantam os visitantes. Aos pés da Serra da Mantiqueira, a cidade tem rios e cachoeiras e uma de suas principais atrações é a Cachoeira dos Pretos, com seus 154 metros de queda. Os amantes de ecoturismo e fãs de adrenalina encontram atividades como rapel, trilhas, arvorismo, bóia-cross, rafting e saltos de asa-delta e parapente. Além disso, outro ponto positivo é que a maravilhosa culinária mineira impera nos restaurantes locais.

- Caboclo d’Água - Parque Nacional da Serra da Canastra, Minas Gerais:

O Parque Nacional da Serra da Canastra foi criado em 1972 para proteger as nascentes do Rio São Francisco. E defender o Velho Chico é justamente a missão do Caboclo d’Água, ser mítico que assombra pescadores e navegantes, chegando até a virar e afundar os barcos. É para assustá-lo que muitas embarcações que navegam pelo Rio São Francisco têm, esculpidas em suas proas, as famosas carrancas. Uma viagem pelo parque é a oportunidade de conhecer mais histórias relacionadas ao rio e aproveitar uma natureza exuberante que varia entre campos rupestres repletos de flores delicadas, cerrado e matas de galeria com vegetação atlântica. 


O local também é o lar de várias espécies ameaçadas de extinção, como o lobo guará e o tamanduá-bandeira. A vida rural preserva antigas tradições, como o carro de boi, o queijo canastra e a arquitetura do século XIX. A área do parque conta com mais de 200 mil hectares e abrange as cidades de São Roque de Minas (nascente histórica do Velho Chico), Vargem Bonita, Delfinópolis, Sacramento, São João Batista do Glória e Capitólio.


- Bumba-meu-boi - São Luís, Maranhão:

Segundo a lenda, há muito tempo atrás, havia numa fazenda um boi que era o preferido do fazendeiro. Um dia, a esposa grávida de um dos escravos do local sentiu um enorme desejo de comer língua de boi e, para satisfazer a vontade da amada, o marido acabou matando o animal. Ao perceber a falta do bicho, o patrão começou a procurá-lo e já o encontrou morto, ficando inconsolável. Mas com a ajuda de um curandeiro, o boi se recuperou e voltou a viver. Para comemorar o milagre, o fazendeiro deu uma grande festa. 


Essa história é contada (com algumas variações) e celebrada em diversas regiões do País, mas São Luís do Maranhão é um dos destinos onde o mito é festejado com mais força. Todos os anos, durante o mês de junho, acontece na cidade a festa do Bumba-meu-boi. Grupos folclóricos de todo o Estado se encontram nas ruas da capital maranhense e se apresentam ao redor de bois coloridos, num festival marcado por muita dança e ritmos. Uma festa mágica e inesquecível para todos os presentes.


Fonte: Janaina Cavalheiri