Controle de pombos deve ir além de multa a quem oferece alimento



A prefeitura de São Paulo aprovou uma Lei (16.914/18) que pode multar em até R$ 200,00 quem for flagrado dando alimentos a pombos na capital. Valendo desde o mês de junho, a medida tem como principal objetivo proteger a sociedade de mais de 30 doenças que podem ser transmitidas pelas fezes dos animais, como a criptocose (que pode resultar em pneumonia ou em meningite), histoplasmose e a salmonela. 

No entanto, para o biólogo André Camilli Dias, membro do CRBio-01 – Conselho Regional de Biologia – 1ª Região (SP, MT e MS), a Lei deve ser acompanhada também de um trabalho de educação ambiental e de ações mais efetivas para o controle populacional dessas aves.

“Uma instrução normativa do Ibama, a de número 141, reconhece o pombo-doméstico (Columba Livia) como fauna sinantrópica, ou seja, que são animais adaptados ao ambiente urbano das cidades e que transmitem doenças à sociedade. Portanto, tal norma regulamenta medidas para seu manejo e controle, mas que devem ser realizadas apenas por profissional devidamente capacitado, como o Biólogo”, explica o membro do CRBio-01. “São medidas, por exemplo, que dificultam o acesso desses animais a abrigos e a fontes de alimento”, completa Dias.

De acordo com o biólogo, o trabalho de manejo de pombos-domésticos é dividido em etapas. O primeiro passo é identificar onde estão os ninhos, os pontos de acesso dos pássaros até o local e onde buscam alimentos. “São fatores básicos de sobrevivência, é o que os mantêm ali”, diz Dias. Realizada a identificação, o segundo passo consiste na limpeza e desinfecção da área, com produtos químicos e equipamentos de proteção apropriados para essa tarefa. “No mercado, há empresas especializadas no controle de pragas urbanas, que trabalham com isso”, completa o biólogo. A terceira parte consiste na aplicação de barreiras.



Mas a escolha deve ser feita após a análise de cada caso, para que seja providenciada a mais adequada. Elas podem ser do tipo mecânica (com a instalação de espículas, fios tensionados ou de telas e redes), química (com a aplicação de gel repelente) ou sonora (por meio de ultrassom). 

Para o biólogo, de maneira geral, as mecânicas são as mais eficazes, com resultados mais rápidos e duradouros. No caso do gel, por exemplo, há necessidade de manutenção do produto aplicado. Já em relação ao método do ultrassom, está comprovado que os pombos se acostumam em menos de 30 dias ao som produzido.

“Mas multar sem esclarecimento é um erro. Primeiro deveria ser feito um grande trabalho de divulgação e esclarecimento para a sociedade das doenças transmitidas pelos pombos-domésticos e os agravos na saúde pública causados pelo simples ato de alimentar essas aves. 


Mapear os principais focos de alimentação na cidade de SP e pouso deles nas edificações públicas ou privadas é fundamental para medidas de manejo e controle. Apenas penalizar o senhorzinho ou a senhorinha que alimentam os pombos nas ruas praças e parques não resolverá o problema”, conclui o biólogo do CRBio-01.


Fonte: André Camilli Dias