Daiane da Rosa, pesquisadora do Instituto Mamirauá, conta que na manhã de sábado, dia 04 /08, a equipe finalizava um trabalho de monitoramento de botos na hora do ocorrido. Ao atravessar o lago, avistaram um animal da espécie Inia geoffrensis, o boto cor-de-rosa, com um comportamento que chamou a atenção.
"O boto estava sempre 'subindo' no mesmo lugar, perto ou quase em cima daquela malhadeira (tipo de rede de pesca), na hora suspeitamos que ele estivesse enrolado", aponta Daiane, que é membro do Grupo de Pesquisas em Mamíferos Aquáticos Amazônicos (Mamaq) do Instituto Mamirauá. A pesquisadora se refere à rotina de respiração dos botos, mamíferos aquáticos que precisam subir à superfície da água em busca de oxigênio para respiração.
"Quando chegamos perto vimos que realmente era um boto vermelho jovem, fêmea, e que estava muito enrolada na malhadeira. Então começamos o processo de organização na voadeira (barco a motor) para tirarmos ela da rede".
No barco do grupo, não havia tesouras, facas ou qualquer objeto cortante para romper a malhadeira, uma grande rede que, segundo calculam, tinha entre 4 e 5 metros de comprimento. O primeiro passo então foi retirar a rede de pesca do ponto onde estava amarrada, para soltar o boto com mais facilidade, trabalho feito pelos assistentes de pesquisa Joney Carvalho e Alcbides Martins.
Aparentando cansaço e com dificuldades de respirar, a fêmea de boto cor-de-rosa se mexia inquieta durante todo o salvamento. "O Alcbides foi essencial para conseguirmos salvar o boto. Ele teve a calma e paciência para soltar a rede manualmente e em um tempo curto, de mais ou menos quinze minutos", informa a pesquisadora Thayara Carrasco.
"Quando terminamos o resgate, a fêmea de boto sumiu e demorou a subir de novo à superfície, chegamos a temer que o animal tivesse afogado, mas depois de um tempo ela voltou a aparecer próximo a um monte de capim flutuante", relembra Daiane da Rosa.
"O boto estava sempre 'subindo' no mesmo lugar, perto ou quase em cima daquela malhadeira (tipo de rede de pesca), na hora suspeitamos que ele estivesse enrolado", aponta Daiane, que é membro do Grupo de Pesquisas em Mamíferos Aquáticos Amazônicos (Mamaq) do Instituto Mamirauá. A pesquisadora se refere à rotina de respiração dos botos, mamíferos aquáticos que precisam subir à superfície da água em busca de oxigênio para respiração.
"Quando chegamos perto vimos que realmente era um boto vermelho jovem, fêmea, e que estava muito enrolada na malhadeira. Então começamos o processo de organização na voadeira (barco a motor) para tirarmos ela da rede".
Thayara Carrasco
No barco do grupo, não havia tesouras, facas ou qualquer objeto cortante para romper a malhadeira, uma grande rede que, segundo calculam, tinha entre 4 e 5 metros de comprimento. O primeiro passo então foi retirar a rede de pesca do ponto onde estava amarrada, para soltar o boto com mais facilidade, trabalho feito pelos assistentes de pesquisa Joney Carvalho e Alcbides Martins.
Aparentando cansaço e com dificuldades de respirar, a fêmea de boto cor-de-rosa se mexia inquieta durante todo o salvamento. "O Alcbides foi essencial para conseguirmos salvar o boto. Ele teve a calma e paciência para soltar a rede manualmente e em um tempo curto, de mais ou menos quinze minutos", informa a pesquisadora Thayara Carrasco.
"Quando terminamos o resgate, a fêmea de boto sumiu e demorou a subir de novo à superfície, chegamos a temer que o animal tivesse afogado, mas depois de um tempo ela voltou a aparecer próximo a um monte de capim flutuante", relembra Daiane da Rosa.
Thayara Carrasco
Apesar de relatos de botos presos em redes de pesca serem comuns entre pescadores e moradores de comunidades ribeirinhas, essa foi a primeira vez que os pesquisadores se depararam com um caso de boto acidentalmente enredado na região. Por mais de dois anos, o grupo do Instituto Mamirauá tem realizado trabalhos periódicos em setores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas, como o lago Jutaí, onde a fêmea de boto cor-de-rosa foi encontrada.
O objetivo das expedições, que acontecem a cada dois meses, é fazer a contagem de tucuxis, de coloração cinza, e botos vermelhos em porções de lagos e rios da reserva para fazer uma estimativa populacional, pensando na conservação das espécies.
O Instituto Mamirauá é uma unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
- Redes de pesca são grandes ameaças a botos e a outros mamíferos aquáticos:
"A captura acidental em redes de pesca é, nesse momento, a maior ameaça para todos os cetáceos no mundo inteiro. Botos, baleias, golfinhos e outros", afirma Miriam Marmontel, pesquisadora líder do Grupo de Pesquisas em Mamíferos Aquáticos Amazônicos (Mamaq) do Instituto Mamirauá. "É um assunto muito preocupante que, infelizmente aqui na Amazônia, não temos quantificação".
A especialista indica que botos e pescadores dividem áreas de interesse, com grande presença de peixes. Atraídos pelo pescado capturado nas malhadeiras, os botos acabam também se tornando prisioneiros das redes. "Geralmente o pescador fica com raiva dos botos por terem comido o peixe da rede, muitas vezes eles prejudicam a malhadeira, destroem, a rede tem que ser consertada, então tudo isso gera conflitos entre pescadores e botos", ressalta Miriam.
Apesar de relatos de botos presos em redes de pesca serem comuns entre pescadores e moradores de comunidades ribeirinhas, essa foi a primeira vez que os pesquisadores se depararam com um caso de boto acidentalmente enredado na região. Por mais de dois anos, o grupo do Instituto Mamirauá tem realizado trabalhos periódicos em setores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas, como o lago Jutaí, onde a fêmea de boto cor-de-rosa foi encontrada.
O objetivo das expedições, que acontecem a cada dois meses, é fazer a contagem de tucuxis, de coloração cinza, e botos vermelhos em porções de lagos e rios da reserva para fazer uma estimativa populacional, pensando na conservação das espécies.
O Instituto Mamirauá é uma unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
- Redes de pesca são grandes ameaças a botos e a outros mamíferos aquáticos:
"A captura acidental em redes de pesca é, nesse momento, a maior ameaça para todos os cetáceos no mundo inteiro. Botos, baleias, golfinhos e outros", afirma Miriam Marmontel, pesquisadora líder do Grupo de Pesquisas em Mamíferos Aquáticos Amazônicos (Mamaq) do Instituto Mamirauá. "É um assunto muito preocupante que, infelizmente aqui na Amazônia, não temos quantificação".
A especialista indica que botos e pescadores dividem áreas de interesse, com grande presença de peixes. Atraídos pelo pescado capturado nas malhadeiras, os botos acabam também se tornando prisioneiros das redes. "Geralmente o pescador fica com raiva dos botos por terem comido o peixe da rede, muitas vezes eles prejudicam a malhadeira, destroem, a rede tem que ser consertada, então tudo isso gera conflitos entre pescadores e botos", ressalta Miriam.
João Cunha
"Os pescadores que usam a malhadeira precisam estar atentos e checar suas redes de maneira mais frequente possível, para evitar que animais se emalhem e, no caso do boto, afoguem, porque são mamíferos e precisam do ar para respirar. E que, em caso de emalhe, que o pescador possa socorrer o boto e soltá-lo, sem agredir ou matar", recomenda.
A pesquisadora Daiane da Rosa também reforça a importância de ações de educação ambiental em comunidades pesqueiras. "É fundamental informar o que pode ser feito em caso de emalhe, para evitar a mortalidade dos botos. Educar, conscientizar e informar, são pilares para conseguirmos o apoio daqueles que estão lá no dia a dia da pesca".
O boto-vermelho ou boto cor-de-rosa já foi considerado um animal vulnerável, segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e hoje consta na classificação como "dados insuficientes" (data deficient), passando por nova avaliação por conta da quantidade limitada de dados abrangentes sobre a ecologia, populações e ameaças à espécie na Amazônia.
Fonte: João Cunha
"Os pescadores que usam a malhadeira precisam estar atentos e checar suas redes de maneira mais frequente possível, para evitar que animais se emalhem e, no caso do boto, afoguem, porque são mamíferos e precisam do ar para respirar. E que, em caso de emalhe, que o pescador possa socorrer o boto e soltá-lo, sem agredir ou matar", recomenda.
A pesquisadora Daiane da Rosa também reforça a importância de ações de educação ambiental em comunidades pesqueiras. "É fundamental informar o que pode ser feito em caso de emalhe, para evitar a mortalidade dos botos. Educar, conscientizar e informar, são pilares para conseguirmos o apoio daqueles que estão lá no dia a dia da pesca".
O boto-vermelho ou boto cor-de-rosa já foi considerado um animal vulnerável, segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e hoje consta na classificação como "dados insuficientes" (data deficient), passando por nova avaliação por conta da quantidade limitada de dados abrangentes sobre a ecologia, populações e ameaças à espécie na Amazônia.
Fonte: João Cunha