Campanha “Viva mais com menos” chama atenção para os impactos negativos do consumo em excesso


Em 11 de julho, é comemorado o Dia Mundial da População, data criada pela ONU para reforçar a necessidade de encontrar soluções para as questões e problemas da população, atualmente contabilizada em mais de 7 bilhões de pessoas. Para 2050, a estimativa é que cheguemos a 9,7 bilhões de habitantes. Hoje, uma das grandes questões mundiais é lidar com as consequências do consumo excessivo, visto que a população atual já consome 60% de recursos naturais a mais do que a Terra consegue regenerar.

Para que as pessoas reflitam sobre seus próprios atos de consumo, buscando a suficiência e não o excesso, o Instituto Akatu lança a campanha “Viva mais com menos”. 


“A reflexão em torno dos nossos hábitos diários de consumo é fundamental! Já consumimos muito mais que a Terra é capaz de regenerar e isso ocorre quando apenas 16% da população mundial é responsável por 78% do consumo total. Se toda a humanidade consumisse como os habitantes mais ricos do mundo, seriam necessários quase cinco planetas para suprir esse consumo”, afirma Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu, ONG que atua há 16 anos pelo consumo consciente.

Podemos considerar consumo excessivo aquele que acontece para além de uma real necessidade, seguindo apenas a lógica da compra pela compra em si. Muitas vezes motivado por promoções ou por outros estímulos publicitários, que atiçam o desejo dos consumidores. Veja, a seguir, algumas dicas para desfrutar mais com menos.

- Você tem mesmo necessidade de comprar mais roupas, sapatos e acessórios?
Seu armário tem várias peças que não são utilizadas? Comprá-las em excesso é puro desperdício. Todas as roupas têm um impacto no meio ambiente, pois a produção têxtil requer uso do solo no cultivo de algodão, implicando em uso de defensivos agrícolas que podem prejudicar o solo e a água; requer também água e energia elétrica; além de tratamentos químicos muitas vezes nocivos para o tingimento dos tecidos. Por isso, não se deixe levar por promoções, e compre somente após uma reflexão da sua real necessidade. Para tomar uma boa decisão, é preciso saber o que você tem no seu armário. Para isso, uma boa organização do guarda-roupa é essencial.

- Você tem mesmo necessidade de comprar um novo celular ou produto eletrônico?
É inegável a praticidade trazida pelos smartphones nas vidas das pessoas. Mas poucos se dão conta dos impactos negativos de sua produção e do seu descarte incorreto para o meio ambiente e para a sociedade. Um único smartphone genérico consome diversas matérias-primas que contribuem para uma pegada ecológica muito pesada em sua produção: 12.760 litros de água e 18 m2 de solo, segundo o relatório Mind your Step, inclusive no momento de seu descarte.
Objetos de desejo, os smartphones são trocados pelo brasileiro a cada um ano e um mês, em média, segundo fabricante de celular. É bem provável que esses equipamentos sejam geralmente projetados para durar pouco (a chamada “obsolescência programada”), mas cabe ao consumidor refletir se realmente precisa fazer a troca de smartphone com tanta frequência, considerando os seus impactos para o meio ambiente e para a sociedade.

- Você tem mesmo necessidade de comprar novos brinquedos e roupas para o seu filho?

A cena é comum: uma criança ganha um brinquedo novo, mas prefere brincar com a embalagem ou logo escolhe outro objeto. Isso acontece porque o ato de brincar depende também da interação com um adulto ou com outra criança, mais do que de um brinquedo. Portanto, antes de comprar algo novo, pergunte-se: a criança precisa mesmo disso? Por outro lado, a troca de brinquedos também é uma ideia interessante, visto que permite que um brinquedo “deixado de lado” seja usado por outra, permitindo estender a vida útil do brinquedo e, com isso, aproveitar melhor os recursos naturais que foram utilizados em sua produção.

- Você tem mesmo necessidade de comprar toda essa comida?
Em média, uma família latino americana desperdiça 28% da comida comprada, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Para que isso não ocorra, é preciso planejar as compras antes de ir ao mercado ou à feira, pensando no cardápio semanal e comprando apenas os ingredientes necessários e nas quantidades corretas. Assim, para evitar a compra em excesso, é preciso ter alguns cuidados: servir-se apenas do que se vai comer; aproveitar as sobras para preparar outras receitas; guardar os produtos recém-comprados ou embaixo ou atrás quando colocados na geladeira ou nas prateleiras (levando a usar primeiro os mais antigos); prestar atenção à data de validade, de modo a usar primeiro o que vai vencer antes; entre outras ações.

Esse desperdício deve ser evitado a todo custo, visto que tem uma série de impactos sociais e ambientais, como o fato da decomposição dos alimentos, quando jogados no lixo, ser responsável por uma enorme parcela dos gases de efeito estufa que causam o aquecimento global. Não desperdiçar os alimentos, portanto, ajuda no bolso e também ajuda o meio ambiente e a sociedade.

Essas são algumas ações, relativamente simples, que todos os consumidores podem começar a praticar para honrar o dia Mundial da População. Ao cuidar dos impactos do próprio consumo e servir de exemplo para familiares e amigos, todos estaremos cuidando da sociedade e do meio ambiente nos quais todos vamos viver.



Fonte: Thauan Fidelis