Conservação e restauração de uma das maiores riquezas do país: as nossas florestas.


No dia 17 de julho, foi comemorado o Dia de Proteção às Florestas. No entanto, esta data, pode ser vista como oportunidade para um momento de reflexão, sobre como estamos deixando para trás questões que promovam a conservação e restauração de uma das maiores riquezas do país: as nossas florestas.

A divulgação dos resultados da análise preliminar do Cadastro Ambiental Rural (CAR), realizada em maio pelo Serviço Florestal Brasil (SFB), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, trouxe à tona uma realidade preocupante. 


De acordo com o SFB, com base na amostra de 62% das áreas cadastradas, 30% delas têm déficit de Reserva Legal - porção das propriedades particulares que, por lei, deveriam ser preservadas com vegetação nativa. Ou seja, um passivo ambiental de pelo menos 17 milhões de hectares de vegetação, se confirmados esses números.

Para Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, ainda que não sejam os finais, esses dados já mostram que ainda há muito por fazer: - "Historicamente, a natureza vêm sendo deixada consecutivamente em segundo plano por vários agentes da sociedade e graves consequências já podem ser sentidas por causa disso. Precisamos com urgência de políticas públicas que garantam a proteção e recuperação de nossas florestas".

Ainda, de acordo com a diretora, algumas ações práticas poderiam ajudar a solucionar o passivo ambiental brasileiro: "Os proprietários de terras precisam saber como e onde compensar o que foi devastado, e quais benefícios eles terão ao adotar medidas de conservação em suas terras. Um caminho seria utilizar o pagamento por serviços ambientais, que possibilitaria recompensar financeiramente o proprietário por conservar, além de proporcionar uma produção com solo e água de qualidade". Segundo a diretora, se isso começar a ser feito agora, talvez o quadro possa ser revertido. 

"A Fundação Grupo Boticário sempre atuou neste sentido, para influenciar os agentes envolvidos nas tomadas de decisão", completa Nunes. 

Prazo estendido, natureza em perigo:
Por conta do prazo para inscrição no CAR ter sido estendido para 31 de dezembro de 2017, é provável que a totalidade do cadastramento de todas as propriedades leve mais tempo que o esperado. São cerca de 130 milhões de hectares que ainda precisam ser avaliados: "É preocupante. É a segunda vez que o prazo é adiado, o que pode comprometer mais ainda a conservação das áreas previstas no Código Florestal", alerta a diretora.

Para entender:
Pela nova lei aprovada em 2012, que reformou o Código Florestal, quem realizou o CAR até 5 de maio deste ano ou o fizer até 5 de maio do ano que vem poderá contar com os benefícios do Programa de Regularização Ambiental (PRA). Quem aderir ao chamado PRA não será multado por desmates ilegais realizados até 22 de julho de 2008 e poderá não restaurar o que for considerado área agrícola já consolidada (ocupada até aquela data) em áreas de preservação permanente.


Fonte: Fundação Grupo Boticário