Encíclica "Laudato Sì"


O texto da encíclica do Papa Francisco sobre meio ambiente, vazado na segunda-feira (15/06), confirma a expectativa da comunidade científica e da sociedade civil de que a mensagem papal seria forte e incisiva, como devem ser as respostas globais à crise climática


Francisco apresenta um chamado sem precedentes à conservação dos recursos naturais e à erradicação da pobreza, ligando de forma definitiva o destino da humanidade ao de nossa “casa comum”, cujo cuidado é um imperativo ético. 

Numa clivagem em relação a posturas tradicionalmente adotadas pelos cristãos, segundo os quais o homem é uma criação separada do mundo natural e sobre ele deve exercer domínio, o Papa afirma que a liberdade humana de explorar os recursos da Terra precisa ter limites, porque o homem é parte da natureza: “O homem não se cria sozinho. Ele é espírito e vontade, mas também é natureza”.

O texto vazado, que no entanto não é o documento oficial do Vaticano (este será divulgado somente na quinta-feira, 18/06), lança mão do melhor conhecimento científico disponível para construir um alerta abrangente sobre a situação ambiental do planeta, em especial sobre as mudanças climáticas. 

Aponta os seres humanos como causa principal do aquecimento da Terra, que afeta sobretudo os mais pobres, e prega a substituição dos combustíveis fósseis, a proteção das florestas e o desenvolvimento de energias renováveis. E critica a “debilidade das ações”, sobretudo políticas, para atacar o problema.

“A encíclica papal captura o espírito do nosso tempo. É uma mensagem de peso enorme, um chamado moral sobre meio ambiente nunca antes visto na história da Igreja, que coloca a crise climática como um dos maiores desafios comuns da humanidade”, disse o secretário-executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl.

“Tão importante quanto isso, trata-se de um chamado a toda a humanidade, a todas as religiões, não apenas aos católicos. Que sirva de inspiração aos líderes que se preparam para negociar o futuro do combate à mudança do clima neste ano, na conferência de Paris.”



Fonte: Claudio Angelo / Observatório do Clima