Brasil e Alemanha lançam na Amazônia bases de torre de observação maior que a Eiffel




Como um dos ecossistemas mais sensíveis do planeta e que desempenha papel importante na estabilização do clima, a floresta tropical na Amazônia receberá ainda este ano uma torre de 325 metros de altura - sete a mais que a torre Eiffel, na França - para observação das mudanças climáticas. 

A Torre Atto (Observatório de Torre Alta da Amazônia, em inglês: Amazon Tall Tower Observatory) é um empreendimento conjunto do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), em parceria com o Instituto Max Planck (Alemanha), a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e outras instituições parceiras.

A cerimônia de lançamento das fundações e coluna angular que servirão de base para a Atto aconteceu, às 12h, da sexta-feira (15/8), na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, em São Sebastião do Uatumã (município a 150 quilômetros de Manaus). 

O local onde será instalada a torre foi escolhido após uma série de estudos e ficará numa área de terra firme na floresta, tipo de ambiente mais comum na variada paisagem amazônica.

De acordo com o coordenador do projeto por parte do Brasil, o pesquisador do Inpa Antônio Manzi, Brasil e Alemanha investirão R$ 7,5 milhões na construção da torre. A previsão é que as obras sejam concluídas em novembro de 2014.

O objetivo de longo prazo da Atto é medir os impactos das mudanças climáticas globais nas florestas de terra firme da Amazônia por meio de medidas da interação da floresta com a atmosfera, além de servir para pesquisas inéditas de química da atmosfera (trocas gasosas, reações químicas e aerossóis), processos de transporte de massa e energia na camada limite atmosférica e processos de formação e desenvolvimento de nuvens.

“Queremos diminuir as incertezas nesses campos da pesquisa científica e contribuir para aprimorar a representação da Amazônia e outras áreas tropicais úmidas nos modelos climáticos”, diz Manzi, que é doutor em física da atmosfera.

A Atto será a primeira torre desse tipo na América do Sul. Ela também será quatro vezes maior que a atual torre de observação do Inpa, que possui 80 metros de altura. No total, o Inpa possui na Amazônia outras torres de observação. 


As estruturas da Atto foram construídas em Curitiba (Paraná) e transportadas em seis carretas para a Amazônia.


Conforme Manzi, a construção da torre de observação faz parte de um acordo bilateral de cooperação científica entre Brasil e Alemanha. 


O lado brasileiro é representado pelo Inpa, enquanto a Alemanha é representada pelo Instituto Max Planck de Química, que é um instituto interessado principalmente nas interações químicas entre a floresta e a atmosfera. 

A Atto faz parte do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), implementado em 1998.

A previsão é que a instrumentação a ser instalada na Atto funcione 24 horas por dia durante um período de 20 a 30 anos. 


Outras quatro torres menores, com 80 metros cada, serão construídas em volta da Atto para medir fluxos e transportes horizontais, auxiliando na obtenção de dados da torre principal.

Conforme Manzi, a torre Eiffel possui 118 metros de altura, alcançando 324m com o sistema de para-raios. A torre Atto terá 325m de altura chegando a 330m com o sistema de para-raios.

Parceiros:

Estiveram presentes na cerimônia de lançamento da Torre ATTO representantes do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Ana Lúcia Stival; da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Amazonas (Secti), Domingos Oliveira; da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), Cristiano Gonçalves e Caroline Yoshida; da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Alessandro Michiles. 

Representando o Max Planck de Química estavam: o coordenador do projeto, Juergen Kesselmeier; a representante da sociedade Max Planck para a América do Sul, Andreas Trepte; e a assessora de Assuntos Científicos e Intercâmbio Acadêmico da Embaixada da Alemanha, Florian Wittmann.


Enviado por :Camila Leonel – Ascom  / Foto: Acervo pesquisador