A inclusão da criança com deficiência visual na escola regular




Concretizar na rotina escolar o que foi estabelecido por lei é um dos grandes desafios da atualidade. 


Hoje, ouvimos depoimentos recorrentes de alunos com deficiência visual e de suas famílias no sentido de que falta qualificação por parte dos professores; há ausência ou insuficiência de materiais adaptados e acessíveis que possibilitem um desempenho escolar adequado; e os ambientes são pouco permeados com atitudes que realmente favoreçam a verdadeira inclusão.

Ao mesmo tempo, as declarações dos educadores revestem-se cada vez mais de tons de súplica de quem não sabe o que fazer e como desempenhar seus papéis para contemplar a inclusão de todos.

Frustração, ansiedade e desesperança de todos os atores envolvidos no atual cenário educacional levam à reflexão sobre quais mudanças a escola regular deve promover para garantir uma prática pedagógica adequada a todos os alunos.

É fato que o professor deve conhecer a temática da deficiência visual com foco no aluno. Aprender o sistema de leitura e escrita Braille, as variáveis que acompanham a percepção visual dos alunos com baixa visão e os recursos por eles utilizados para obtenção de um maior rendimento escolar, noções básicas de orientação e mobilidade, recursos tecnológicos são exemplos de competências a serem desenvolvidas para o pleno desenvolvimento da criança com deficiência visual.

Assim, não nos parece suficiente apenas a legislação e a "boa vontade" para haver a verdadeira inclusão escolar. 


Torna-se indispensável que cada escola busque a capacitação dos seus educadores e professores; realize adaptações curriculares; e adquira material escolar acessível como parte fundamental do processo. 

Além disso - e mais do que tudo isso - a escola deve garantir um ambiente acolhedor, onde o respeito à dignidade do ser humano não seja apenas discutido, mas exercitado por toda a comunidade escolar.


- Sobre a Fundação Dorina Nowill para Cegos :


A Fundação Dorina Nowill para Cegos atua há 67 anos facilitando a inclusão de crianças, jovens e adultos cegos e com baixa visão, por meio de serviços gratuitos e especializados de reabilitação, educação especial, clínica de visão subnormal e programas de empregabilidade. 

A instituição foi fundada por Dorina de Gouvêia Nowill, que ficou cega aos 17 anos e percebeu a defasagem de livros para pessoas com deficiência visual no Brasil. 

A partir disso, iniciou um trabalho para que os livros em braille e a alfabetização por este método chegassem ao país. Com o passar do tempo, a Fundação do Livro para o Cego no Brasil tornou-se Fundação Dorina Nowill para Cegos e passou a oferecer novos produtos e serviços, além dos livros em braille. 

Hoje, a instituição é referência na produção de livros e revistas acessíveis nos formatos braille, f alado e digital Daisy, distribuídos gratuitamente para pessoas com deficiência visual e para mais de 5 mil escolas, bibliotecas e organizações em todo o Brasil. www.fundacaodorina.org.br



Autoria :  Eliana Cunha de Lima é Assessora do Serviços de Apoio à Inclusão da Fundação Dorina Nowill para Cegos; Ortoptista; Membro da Sociedade Brasileira de Visão Subnormal; Mestre em Educação/PUC-SP; Pós-Graduada/UNIFESP; Especialista em Visão Subnormal/Santa Casa de Misericórdia (SP); Orientadora familiar pela Universidade de Navarra.