Os governos de mais de 190 países participaram da Conferência sobre Mudanças Climáticas COP18, emDoha, Catar, e conseguiram muito pouco sobre o que era esperado para reafirmar um novo período de compromisso do Protocolo de Quioto e para encaminhar as negociações para um acordo global sobre mudança climática em 2015, com uma clareza muito maior.
"As conversações no contexto da ONUestão caminhando muito lentamente e o aquecimento global segue para uma corrida", disse Duncan Marsh, diretor de política internacional sobre mudanças climáticas da The Nature Conservancy(TNC).
"O ano passado mostrou sinais alarmantes e evidências reais para os governos, especialmente dos grandes emissores. Precisamos agir com maior velocidade e força para reduzir as emissões de carbono e ajudar as pessoas a se preparar e responder aos impactos da mudança climática".
O pano de fundo para a conferência deste ano foi o número de secas e inundações devastadoras, grandes incêndios e tempestades graves ao longo de 2012, que direta ou indiretamente afetaram a vidade milhões de pessoas em todo o mundo e desestabilizaram ainda mais a segurança da água e dos alimentos. Estes são os desafios mais urgentes para países como o Brasil e a maioria das nações da América Latina.
Vários estudos apresentados em 2012 referem-se a níveis alarmantes de poluição de carbono na atmosfera e à maneira como aumentará a temperatura do planeta.
Os relatórios da ONU dizem que os níveis de gases de efeito estufa na atmosfera aumentaram em 20 por cento desde 2000, enquanto o Banco Mundial informou recentemente que a temperatura da Terra pode subir até 4graus Celsius até ofinal do século.
Enquanto isso, a Agência Internacional de Energia(AIE) revelou que estão se reduzindo muito as chances de se manter o aumento da temperatura abaixo do objetivo comum de 2 graus Celsius.
"Apesar de uma maior clareza sobre os custos da mudança climática para as sociedades, estas negociações não oferecem o nível de resposta urgente que os fatos com os quais nos deparamos exigem", diz Marsh.
Um aspecto particularmente difícil das negociações deste ano está relacionado com a forma de financiar ações climáticas para reduzir a poluição de carbono, e ajudar os países a reduzir o risco para suas populações mais vulneráveis, tanto para o período de 2012-2020, quanto para além dele.
"Eles prometeram novos recursos aqui na COP18, mas é preciso muito mais para enfrentar adequadamente os desafios de reduzir as emissõesde carbono e ajudar os países a se prepararem para responder aos seus impactos", disse Marsh.
Apesar do progresso insuficiente das negociações, vemos um número crescente de ações climáticas significativas, tomadas individualmente, por países, instituições financeiras e empresas privadas, em paralelo com o processo da ONU.
"O que se ouve nessas negociações não é suficiente para dar uma noção real do grande número de ações climáticas que ocorrem em todo o mundo", diz Marsh.
"Nós vemos países adotarem metas ambiciosas para reduzir suas emissões, estabelecerem sistemas de troca entre si, reduzirem seus níveis de desmatamento, promovendo políticas sustentáveis de baixo carbono, e tomando medidas específicas para melhor proteger suas populações. Mas o fato é que as ações individuais dos países não são suficientes para se alcançar o acordo de que precisamos para enfrentar o futuro", conclui.
Fonte: Danyella Ferreira