Hoje, a face amadora da profissão ainda existe no Brasil e gera uma economia voltada mais para a subsistência que para o sucesso. No entanto, o desenvolvimento da economia e a competição forçaram a melhoria da qualidade em todos os setores, com a necessidade de profissionalização.
Empreendimentos amadorísticos perderam lugar para as grandes redes, para as iniciativas estudadas, feitas por quem tinha consciência de seus atos e objetivos. Nesse contexto, o Direito é um dado a ser considerado. Quem não conhece as leis que regem sua atividade corre riscos constantes de prejuízos incalculáveis, além de autuações e multas.
Sob esse enfoque, "Manual de Direito para Administração Hoteleira", de Gladston Mamede, se apresenta como um instrumento para auxiliar os profissionais do setor, estudantes e pesquisadores.
O autor, doutor em Filosofia do Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais, diretor do Instituto Pandectas e coordenador do Núcleo de Estudos de Direito do Turismo, usa sua experiência na área para fazer uma análise de problemas e dúvidas jurídicas com solução previstas no Direito, que interessa a advogados e juízes.
O tema, técnico, é temperado de forma didática com informações interessantes. No capítulo da introdução à organização jurídica e administrativa do turismo, Mamede traça um panorama histórico do tema da hotelaria.
Conta, por exemplo, que o hotel comercial mais antigo ainda existente é o Wekaleth Al-Gury, no Cairo, construído em 1512. Outra curiosidade é saber que a palavra hotel originou-se do francês "hôtel" e significava residência do rei.
No final do século XVII, foram criados os primeiros resorts, estâncias balneárias voltadas para a cura e o tratamento de doenças através dos banhos de mar. Foi quando surgiram os spas, estâncias próximas a estações de águas minerais.
No Brasil, no início do século, o primeiro hoteleiro de São Paulo foi Marcos Lopes, seguido pela cigana Francisca Rodrigues. Cem anos depois, nos hotéis principais da cidade, como o dos franceses Charles e Fontaine, só se hospedava quem tivesse carta de recomendações.
No século XIX, foram construídos na Suíça os hotéis turísticos propriamente ditos, para atender à demanda de viajantes que passeavam pelos lagos, o que estimulou o surgimento de empresas que organizavam tais viagens e de outras inovações como cheques de viagem, criados em 1841 por Thomas Cook.
Atualmente, mesmo com a crise enfrentada pelo turismo depois do 11 de setembro de 2001, a importância das atividades hoteleiras continua enorme. Entre os anos de 1990 e 1994, a utilização dos hotéis cresceu 81,5%. Até 1997, o mercado hoteleiro brasileiro empregava 260 mil pessoas. Nos anos, o setor vem sendo alvo de grandes investidores, alguns pertencentes a poderosos grupos internacionais.
A Constituição da República de 1988 trouxe o turismo para um plano maior no direito brasileiro, ao determinar que a União, os estados, e os municípios devem promover e incentivar o turismo como fator de desenvolvimento social e econômico. Para que isso, Mamede destaca os dois caminhos dados: promover o turismo e incentivá-lo. "Não se trata de alternativas, mas de vias distintas que deverão ser igualmente percorridas", enfatiza.
Fonte: Investnews