Turismo na era do reconhecimento facial




Em um mundo cada vez mais dinâmico e conectado, a tecnologia é peça-chave para tornar a experiência turística mais fluida, segura e personalizada. A recente notícia de que o reconhecimento facial está eliminando a necessidade de check-ins tradicionais em aeroportos brasileiros é apenas mais um exemplo de como a inovação já é parte essencial do turismo contemporâneo.

A tecnologia implementada em aeroportos como Santos Dumont (RJ) e Congonhas (SP) permite que passageiros embarquem apenas com o rosto, dispensando documentos e filas demoradas. O sistema, chamado Embarque+Seguro, é fruto de uma parceria entre o Governo Federal, a Infraero e empresas privadas, utilizando bases de dados seguras para autenticação. A proposta, além de reduzir o tempo de espera, oferece uma camada adicional de segurança e melhora significativamente a experiência do viajante.

Essa inovação não é isolada. Ela é parte de uma transformação maior: o turismo está deixando de ser apenas deslocamento e hospedagem para se tornar, cada vez mais, uma jornada integrada, tecnológica e personalizada. A biometria, a inteligência artificial, os aplicativos de realidade aumentada e os sistemas de automação em hotéis e museus são alguns exemplos de como o setor evolui para atender às novas demandas dos viajantes digitais.

Valorizar essas tecnologias é reconhecer que elas ampliam a acessibilidade, reduzem barreiras e democratizam o turismo. Um visitante internacional que chega a um aeroporto inteligente encontra mais facilidade para se locomover, sem enfrentar barreiras linguísticas ou burocráticas complexas logo no seu desembarque, tornando sua experiencia mais inclusiva e eficiente.

A integração de tecnologias como o reconhecimento facial nos aeroportos é uma inciativa perceptível de modernização dos serviços aeroportuários, ação importante de tornar estes espaços mais competitivos globalmente. No Brasil, um país de dimensões continentais e com enorme potencial turístico, investir em soluções tecnológicas é uma oportunidade latente para reduzir gargalos, melhorar a experiência do turista e promover melhorias no desenvolvimento do turismo nacional.

É importante, no entanto, que essa evolução tecnológica venha acompanhada de responsabilidade. A proteção de dados pessoais e o respeito à privacidade dos viajantes devem ser princípios fundamentais. Um turismo mais tecnológico precisa também ser ético e transparente, fortalecendo a confiança dos usuários. A tecnologia não substitui o turismo — que é feito de descoberta e encantamento —, mas sem dúvida, potencializa. Tornar uma viagem mais segura, ágil e personalizada é, no final das contas, uma forma de permitir que o turista aproveite melhor o que realmente importa: viver experiências memoráveis. Reconhecer o próprio rosto para embarcar é apenas um primeiro passo na direção do futuro de um turismo mais inteligente, conectado e humano.



Fonte: Grazielle Ueno - professora e coordenadora de curso do Centro Universitário Internacional Uninter. Doutora em Tecnologia e Sociedade, mestre em Turismo e especialista em Educação e em Meio Ambiente.